A "Coisa"!

Entre lágrimas e lamúrias,
A mãe chorosa estava a reclamar,
Da filha ingrata que nada sabia fazer.
Que sempre estava a desobedecer.
Esta “Coisa”, assim se refere,
A mãe ,quando da filha, estava a falar.
É uma Coisa que não serve para nada,
Esta Coisa tem 10 anos.
10 anos a incomodar.
Peço então, para com a filha falar,
Para o drama decifrar.
Chocada fiquei ao ver, o desenho que a filha fez.
Quando solicitei que desenhasse o que estava a atormentar.
No papel um desenho, retrato do que estava a envenenar.
Mais parecia uma ameba, o que consegui interpretar.
Ao perguntar o que significava o seu desenho?
Afirmou:
-Isto é uma “Coisa”!
Com expressão de dor e desanimo, mais uma vez disse:
- Esta “Coisa”! Sou eu.
A sua fala refletia o sentimento de derrota e desolação;
De tanto ser apontada, como uma “Coisa”,
Por muito tempo ser tratada, como uma “Coisa”,
A filha incorporava o papel de uma “Coisa”,
Como uma coisa, sem brilho e vitalidade, se tornava uma “Coisa”.
Oh! Peso terrível das palavras que estão a ceifar;
A expressão do ser, que apenas quer ser;
A castrar a criatividade, a inteireza do ser.
Palavras modeladas com argamassa,
Cimentadas ficam a determinar a vida de um ser.
Sem perspectivas, sem viço, sem amor,
No mar da dor e do desprezo, naufragou.
Oh! Peso sinistro das palavras que transformou a vida deste ser.
Tão simples seria se, na ciranda da vida deste ser,
As palavras modeladoras fossem flambadas com respeito e amor.
A vida seria exuberante;
Transformando-a num ser brilhante.

*Artigo inspirado em fatos reais*
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga CRP/12/01167

Como esta sua Balança?



Dois pratos, duas medidas, na balança das emoções.
Em um as emoções do amor no outro, as da destruição.
É o ser lutando entre o instinto de vida e de morte.
É o conflito entre o ego ideal e o ego real.
No desejo de ser aprovado e reconhecido,
O ser assume o ideal, veste o molde da aprovação.
Molde este distante do real, jorrando frustração.
Certo, errado, bem ou mal, fazem a confusão.
Amor e ódio colocam em ebulição, o coração.
Na balança, dois pólos, duas reações.
É a busca pelo equilíbrio na balança das emoções.
No desequilíbrio, desliza para as extremidades;
Nas polaridades, ora mergulha no êxtase das paixões;
Ora naufraga no pólo da desilusão.
Diante da dor, do sofrimento e da frustração;
O prato da balança cai no chão.
Com ele o ser afunda no poço da desolação;
Desencadeando a depressão.
O desequilíbrio toma conta.
Para sair do poço da desolação;
O ser usa a racionalização, congela as emoções.
Nega a dor e a desilusão.
Os medos e ressentimentos vão para o baú da repressão.
Encaixota os sonhos.
No piloto automático, então fica.
A alegria desaparece, engessa a emoções.
O ser adoece e não sabe do que padece.
O ser não se reconhece tamanha é a confusão.
É momento de olhar para dentro de si,
Deixar aflorar o real, acolher, aceitar e valorizar;
Quebrar o gesso, os moldes, deixar borbulhar as emoções.
Aprender a administrar a balança das emoções.
Ciente que estes pratos existem e as diferenças são reais.
Que o desafio do ser é saber lidar:
Com bem e o mal,
Com a saúde e a doença,
Como a alegria e a dor,
Com o sucesso e o fracasso,
Com o apego e o desapego,
Com a paz e a guerra,
Com a vida e a morte,
Com o amor e o desamor.
Na dança das polaridades, buscar o equilíbrio,
Fazendo leituras do ser e do sentir.
Alinhando os pratos, aproximando-se do centro,
Do equilíbrio.
Neste movimento de sincronismo e encanto,
O ser cresce e se envaidece!


Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167
Claudete pontua possíveis causas dos suicídios ocorridos em Balneário Camboriú!
Leia texto retirado da edição do Jornal Página 3 de 01/02/09.


Três suicídios de jovens em Balneário Camboriú nesse início de ano.

Eles tinham 20,28 e 30 anos de idade, eram moradores de Balneário Camboriu e se suicidaram esse mês. No ano passado foram nove suicídios, a maioria de pessoas jovens. O delegado de policia Arthur Nitz, conta que assusta, porque a maior parte dos suicídios nas cidades é cometida por jovens. Quando é instaurado inquérito policial para apurar o crime, em geral as famílias se surpreendem com o ato cometido pela vítima. Muitos nem imaginavam que houvessem algum problema. A orientação é que para que quando os familiares percebam algum problema, atitudes estranhas, que procurem auxiliar essa pessoa”, diz o delegado.
Para a psicóloga Claudete de Morais existem dois fatores importantes que explicam em parte, o que levam as pessoas tão jovens a tirarem a própria vida. É o uso das drogas, “porque a pessoa fica com a consciência alterada, às vezes está alucinando, não se dá conta do que está fazendo e aqui se faz muito uso de droga” e a competitividade do mundo moderno, que, segundo a psicóloga é reclamação freqüente no consultório.” um nível de insatisfação muito grande entre os jovens, porque a cobrança é muito grande, o que gera o estresse que pode acarretar um quadro depressivo. Temos aqui na cidade um mercado restrito, que não vai dar um retorno financeiro que eles querem... não assim, rapidamente, tem que se consolidar, isso leva tempo. Percebo muitos jovens que vem estudar, trabalhar, algumas famílias inteiras chegaram aqui e se decepcionam...”, pontua Claudete.
Ela encerra enfatizando, que a sociedade está doente e relembra o que o delegado de policia ressaltou lá no começo da matéria. “Se você analisar o maior índice de pessoas que se suicidam e procurar no histórico dessas pessoas, você provavelmente vai encontrar transtornos depressivos, ela quer é acabar com o sofrimento, e às vezes é um sofrimento tão intenso, que não se dá conta que acabará também com a vida”.