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Sementes de metais!

Esta é a realidade chocante da contemporaneidade, o mundo idealizado nunca esteve tão disponível como na atualidade. No virtual o individuo constrói sua imagem, alimenta, configura seus sonhos, revigora o ego imaginado fugindo do ego real. Quanto mais permanece no digital, mais se afastará do mundo físico. Neste padrão comportamental não olha nos olhos do outro e nem nos seus, pois não quer se deparar com seus desacertos, com a imagem que não confere com a engendrada.
O desejo frenético pela competitividade desperta no ser o desejo de mais curtidas receber, assim no vicio mergulha. Isto vem ocorrendo nas mais diversas faixas de idade, se ampliando significativamente na esfera infantil. As crianças e adolescentes estão seduzidos por este mundo mágico, colorido. Hipnotizados permanecem diante do encantamento destas produções, ao ponto de abandonarem o interesse em estudar, brincar ao ar livre, de interagirem, entre si e com os familiares, sem a comunicação digital. O diálogo é com a máquina, com o metal e enclausurados perduram em seu mundo analógico.
É através das brincadeiras infantis que o individuo aprende a sociabilizar, aceitar, compartilhar, negociar, reivindicar, efetuar enfrentamentos, lidar com as frustrações, perdas, medos, a estabelecer vínculos afetivos, desenvolvendo sua capacidade de resiliência, preparando-se para a vida.
Conjecturo como será o desenvolvimento destas crianças e adolescentes com a ausência dos contatos físicos, do olho no olho, dos abraços e afagos comuns ao interagir no mundo real? Estudos apontam um alto índice nesta população de quadros clínicos referentes à: fobia social, insônia, ansiedade elevada, pensamento acelerado, queda no rendimento escolar e muita compulsão por games, etc. Elucubrando que a maioria deles não possuem os espelhos, as referências, de adultos focados no real, pois grande parte da população adulta encontra-se ciberviciada.
Neste frenesi do virtual e no afastamento do real, a indagação é a seguinte: Para onde vamos? Dentro deste contexto, sabemos que o virtual e o físico se fundem e confundem. Não podemos negar os benefícios do mundo virtual, porém não estamos sabendo lidar com todos estes avanços, imergimos fascinados neste universo e ciberviciados perduramos.
O que fazer? Como administrar esta realidade de maneira equilibrada? Para que nossas crianças e adolescentes não sofram transtornos emocionais, num futuro próximo? Qual o legado que deixaremos? Quais as sementes que iremos plantar? Sementes de amor, generosidade, afetividade, amizade, explosões de alegrias, ou sementes de metais?
A personagem do nosso texto sente saudades do contato físico e amoroso, pois tem memórias destes afetos. Se sementes de metais forem germinadas, possivelmente estes seres humanos não terão estas memórias, pois não as vivenciaram. Para que se possa transmitir afeto, torna-se necessário sentir, viver o afeto. Indago como será a afetividade no mundo das sementes de metais? Quais as interferências das mesmas, na saúde emocional do ser humano?
Claudete de Morais.
Psicóloga, CRP 12/01167
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