Esta Sacola não é minha!

 

Esta Sacola não é minha!


No divã do consultório as queixas borbulham permeadas de ansiedade e temor,

A angústia na maioria das vezes está relacionada ao olhar crítico que o indivíduo tem de si mesmo. Como também o receio da cobrança do outro.

A tendência do ser é dar ao outro um poder que na verdade este não possui, porém o sentimento de ser julgado é mais forte. Não percebe que o outro é apenas o espelho do seu próprio “EU”, que está fragilizado pelo os sentimentos de medo, culpa e frustração.

No desejo de superar suas limitações, desvenda no processo psicoterapêutico que suas amarras estão estruturadas na sua dependência afetiva.

A dependência afetiva é geradora de ambivalência, de ser amado ou não, de ser bom ou não.

Entre o conflito do ego ideal e o real, aflora a necessidade de aplausos ganhar induzindo-o a buscar constantemente a aprovação, o reconhecimento como a validação de ser estimado. Para agradar e sentir-se valorizado a sacola do outro passa a carregar.

O crescimento do ser é cerceado, pelos fardos pesados que o mesmo conduz, o que irá provocar frustração. Frente aos seus desapontamentos brota o sentimento de culpa e revolta.

Ao mergulhar no mar das insatisfações puxa uma vez mais pelo chicote do autoflagelo e com ele faz justiça com suas próprias mãos. A tendência é outras sacolas de culpas catar para mais pesos carregar.

É chegado o momento de gritar, Basta...basta! Estas cargas não são minhas e romper com as amarras, libertando-se da dependência afetiva. Por certo um novo ser surgirá, descortinará seus talentos e em si mesmo confiará. A vida mais leve será se apenas suas sacolas carregar.

Claudete de Morais



Quatro maneiras de gerar emoções positivas em casa


Quatro maneiras de gerar emoções positivas em casa

Se quisermos educar na felicidade, precisamos ensinar nossos filhos a administrar suas emoções. O trabalho deve começar em casa. Não se pode delegar a tarefa às escolas nem acreditar que os professores resolverão esse assunto tão importante para a vida. Tampouco devemos esperar que nossos filhos sejam adultos para que aprendam como fazê-lo. O desafio começa em casa e com o comprometimento dos pais.
As emoções positivas são mais fugidias que as negativas. Estudos realizados sobre o mundo do casal revelam que todo comentário infeliz em uma discussão deve ser compensado por cinco positivos. A proporção é de um para cinco. Por isso é tão importante enfatizar as emoções positivas: o medo, a raiva ou a tristeza têm tanto poder que são capazes de desativar a alegria. Se partirmos dessa premissa, educar na gestão das emoções passa pela criação de lares onde as emoções positivas são estimuladas, apesar das dificuldades que nos rodeiam. Vejamos como fazer isso com truques simples, ao alcance de qualquer família.

1. Prestar atenção nos assuntos que falamos com mais frequência. Nossas conversas nos definem. Se estivermos sempre reclamando do trabalho ou da situação do país, criaremos um ambiente de tensão e de preocupação que as crianças terão dificuldade de superar. A interpretação do mundo que elas fazem depende de como nós o transferimos. Se precisamos falar sobre um problema, devemos abordá-lo a partir das ações que vamos tomar para resolvê-lo. Ou a partir da aprendizagem que obtemos. É diferente dizer “gosto muito pouco do meu trabalho” de reconhecer “não gosto muito do meu trabalho, mas também me oferece coisas positivas”. Ou propor “vou procurar soluções para o meu trabalho, para que goste mais dele”. Ficar ancorado na queixa nos esvazia... e esvazia aqueles que nos rodeiam.

2. Ser rápidos em pedir perdão. Todos nós nos equivocamos. Ser pais é uma tarefa difícil que muitas vezes nos desperta um sentimento de culpa. Discutimos, temos dias ruins e nos sentimos mal porque não chegamos a tempo de ajudar nossos filhos na lição de casa. Nesses casos, vale a pena pedir desculpas. Se gostamos que nossos filhos o façam, temos de dar exemplo e guardar nosso orgulho em uma gaveta. Dessa forma, fazemos com que os pequenos vivam o erro de uma maneira mais natural.
3. Falar sobre as realizações e o esforço. É aconselhável parabenizar nossos filhos com sinceridade, mesmo que seja pelo desenho que trouxeram da escola. O reconhecimento deve ser sobre os resultados e o esforço, pois nem sempre eles conseguirão o que se propõem a fazer. Quando as coisas não saem bem para eles é recomendável ajudá-los a incluir a palavra “ainda”. Quando eles nos dizem: “Eu não sei montar um quebra-cabeça”, por exemplo, temos de ensiná-los a dizer: “Eu ainda não sei montar o quebra-cabeça”. Dessa forma conseguimos que treinem a mentalidade de crescimento e as emoções positivas.
4. Os três agradecimentos do dia. O psicólogo Tal Ben-Shahar, professor da Universidade de Harvard e especialista em felicidade, recomenda que antes de dormir agradeçamos as três coisas positivas que nos aconteceram ao longo da nossa jornada. Podemos colocar isso em prática durante o jantar, quando lemos uma história para nossos filhos ou quando lhe damos um beijo de boa noite. O objetivo é muito claro: incorporar o hábito de ver o copo meio cheio e não meio vazio, algo fundamental para transformar emoções negativas em positivas.


Amigos ativos e passivos: o que os distingue e como cultivar cada amizade

Taxonomia social no jardim da amizade

Voltando à metáfora das plantas, devemos aceitar que o jardim da amizade está cheio de galhos, raízes, flores e arbustos que crescem em um harmonioso caos. O jardineiro não tem tempo de dedicar todo o cuidado a cada admirável recurso vegetal. Por isso, deve-se estabelecer prioridades. Ou seja, vale a pena parar para distinguir quais amigos são ativos e quais são passivos. O psicólogo Miguel Ángel Rizaldos explica que “as amizades passivas seriam, por exemplo, a senhora Carmen, que administra a padaria do bairro, Juan, o garçom do bar onde você come no trabalho, e Laura, uma colega de trabalho”. São pessoas com quem você compartilhou algo relativamente importante −um show, um trabalho−, mas não estabeleceu uma conexão mais forte.
“As amizades ativas são as pessoas com quem você compartilha valores e tem uma conexão mais profunda. É a família que você escolhe. Um amigo vem quando você o chama, os demais, quando podem. Ele dá apoio e carinho incondicionais, por você ser quem é, não pelo que faz”, assinala o psicólogo. Essas são as pessoas nas quais podemos realmente confiar, são as protagonistas das relações que mais devemos nos esforçar para que floresçam. Você pode pensar nelas como as pessoas com quem compartilha lembranças (embora sempre à sua maneira), de quem aprende, e que o ajudam a se superar, algo que exige um esforço tão grande como constante. Dizem que bastam décimos de segundo para detectá-los, embora nem sempre seja tão simples.
Segundo Rizaldos, com os amigos passivos “é necessário apenas dedicar pequenos momentos e gestos de atenção para manter e cuidar de um relacionamento”. Algo tão simples como dar bom dia ao vizinho, perguntar ao garçom que sabe como gostamos do café como foi seu fim der semana ou desejar um feliz aniversário àquele colega de trabalho que nos tirou que mais de uma dificuldade. Trata-se, basicamente, de unir simpatia com empatia. Além disso, como lembra o psicólogo, “hoje em dia as redes sociais são um modo fácil e simples de manter e cultivar as relações de amizade”. É por isso que damos uma curtida ou escrevemos um comentário quando é o caso, para mostrar que estamos ali.
O tempo de maior qualidade, o de compartilhar experiências e vivências, deve ser destinado às amizades ativas. “É preciso, com uma certa regularidade, manter um contato real, ficar para tomar um café, comer ou ir ao cinema”. Ou seja, nesses casos, não há problema em ter um amigo dessa categoria nas redes sociais e perguntar-lhe “como vai” pelo WhatsApp, mas também é preciso cuidar dessa amizade na vida real. “Se não cultivarmos e mantivermos uma relação de amizade [ativa], ela passará a ser de conhecido [amizade passiva]”, conclui o especialista.

Nem todas as árvores dão os mesmos frutos

As relações pessoais não são estáticas, como o busto do famoso poeta com o qual você cruza no parque todas as manhãs, nem tampouco cíclicas, como as estações que acrescentam e retiram cores aos jardins vegetais. Nos jardins da amizade tudo muda constantemente e as consequências são importantes. Um amigo da universidade pode ser uma amizade ativa na qual investir tempo de qualidade que, com o tempo, acaba se tornando uma relação mais passiva. Não desaparece do nosso círculo, mas as circunstâncias da vida implicam que mudou de categoria. Refletir sobre essas mudanças é fundamental para evitar as frustrações que, irremediavelmente, traz o fato de investir energia em uma relação que não lhe corresponderá na mesma medida. Nesses casos, em que não é necessário investir em tanto tempo juntos, tampouco devemos nos desiludir se não estivermos na lista de prioridades dessa pessoa.
Para estes casos, Zoraida Granados apresenta duas opções: sermos sinceros, pela amizade que nos uniu, para “explicar a situação em que estamos e compreender que podemos continuar como amigos, embora neste momento nosso caminho seja divergente”, ou simplesmente deixar fluir nossos caminhos, o que implica respeitar a decisão do outro. Quem tem um amigo tem um tesouro, sim, mas perder uma grande amizade não quer dizer que você caminha por uma senda rumo à solidão absoluta.
Talvez uma vizinha com quem se tinha um trato cordial, por circunstâncias da vida, acabe se tornando uma pessoa fundamental em nosso novo dia a dia e decidamos dedicar mais tempo a ela. “Os benefícios de diferenciar onde contribuir ou dar mais de mim e obter um reforço constante e imediato é o que faz com que muitas relações de amizade evoluam”, conclui Granados. O objetivo é se cercar de pessoas que acrescentem, sem perder de vista que nem todas as árvores foram feitas para dar os mesmos frutos, e que cada um nos preencherá à sua maneira, e nem sempre como gostaríamos. Parar de idealizar as pessoas e valorizá-las pelo que são também nos permitirá agir em conformidade e evitar desilusões desnecessárias.