A Dona da Poltrona




Com expressão de sofrimento no rosto, voz chorosa está sempre a relatar uma tragédia, onde ela sempre é a personagem principal.Os relatos assemelham-se a uma tragédia grega, tantos são os detalhes, tantas são as representações.Seu sofrimento sempre é o maior de todos e, está sempre a procura de platéia.Diante da platéia, incorpora seu personagem preferido, o sofredor.Transforma o ombro do outro, no muro das lamentações, buscando a compaixão de quem esta na escuta.Frente aos seguintes comentários: “Como você suporta tanta dor,” Que cruz pesada você carrega,” “ Só você para aceitar todo este sofrimento,” você é uma artista”. Seu coração dispara de dor e de prazer, ao reconhecimento de sua labuta.A recompensa pela incorporação do papel de vítima é o seu troféu, sua gloria, seu orgasmo.Ser o foco, ser o centro, gera o prazer e contenta-se com o ganho secundário, de ser olhada com compaixão, acreditando ser esta, a forma de conquistar amor.Quantas falas, quantos ombros, quantos consolos, em vão;Todos tentam demove-la deste quadro, pontuando soluções, dando a mão para sair da poltrona de vitima.Um grupo de ajuda se forma, pois unidos será mais fácil convence-la de que, a mudança é possível.Mudança que a levará buscar alegria, prazer, realizações, e ações construtivas.O entusiasmo domina o grupo, eles crêem que ela irá mudar, irá reagir, irá abandonar o trono de vítima.Porém a dona da poltrona está viciada nas emoções da sofredora e compulsivamente busca situações, que a deixam cada vez mais atada à poltrona.Firme em seu posto continua, sentada na poltrona, com os olhos procura nova platéia para seus dramas;Em suas mãos o troféu de vítima, em seus lábios um sorriso mascarado, com a seguinte legenda: ‘ Quem disse que eu queria mudar?”

*Artigo inspirado em fatos reais*
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

2 comentários:

Anônimo disse...

otimo texto ...adorei continue escrevendo :)

Anônimo disse...

''Seu sofrimento sempre é o maior de todos e, está sempre a procura de platéia''
me enquadro mt nesse seu artigo...
me ajudo bastante