Olhar terapêutico
C l a u d e t e d e m o r a i s
Psicóloga –
Claudetedemorais@yahoo.com.br





Papai!Mamãe!
Posso dormi com você?
Apelo constante em muitos lares, acompanhado de chantagem emocional, choros e birras, quando não atendidas, angustiando os pais.
Segundo pesquisa, mais de 35% das crianças de dois a cinco anos de idade querem dormir com os pais, afirmando que estão com medo, de escuro, de fantasma etc. Os medos podem ser outros: deixar de ser o centro, de ser amada, desejo de ter o pai ou a mãe só para si.


O que fazer, como proceder?

O que parece ser um pedido tão inofensivo pode provocar danos psicológicos significativos para a criança e para a relação afetiva do casal.
Correr para o quarto dos pais, por eles ser acolhida, transforma – se em um habito, que poderá estimular medo, insegurança e dependência afetiva. Possibilita a construção de um padrão comportamental que levará os filhos a recorrerem aos pais para sanarem seus problemas.
O medo é um sentimento próprio do ser humano, sendo que os temores infantis, na sua maioria são imaginários, porém devem ser respeitados. É importante um diálogo compreensivo e amoroso com a criança, o adulto falará de seus medos de infância, da forma como os enfrentou, isto servirá de estímulo para ela expressar as suas angústias. Enfatizar que medos e enfrentamentos fazem parte do nosso crescimento. Temos que aprender a lidar com nossas limitações.
É fundamental tranqüilizar a criança e motivá-la para o grande desafio. Vencer o seu medo, para deixar de dormir no quarto dos pais.
Em conjunto elaborarem uma nova estratégia de superação. Usando de sua criatividade, torne o quarto da criança o mais atraente possível. Deixe que ela ajude na nova decoração. Defina regras: se ela tiver medo, você ficara um pouco no quarto dela. Ler estórias, deixar a luz de cabeceira acesa, adotar bichinhos de pelúcia para dormir com ela. Crie um painel para ela registrar suas metas e vitórias, painel este, que você também utilizará para motivá-la e parabenizá-la.
Crie um ritual preparando o ambiente da casa para o descanso, reduzindo o ritmo, estabeleça horários para deitar, que devem ser seguidos e mantidos com perseverança. O sucesso deste desafio dependerá principalmente dos pais, se conseguirem manter uma postura firme.
Ajude seus filhos a vencerem seus medos, pois os medos representam uma prisão de muitos sofrimentos. Você estará contribuindo para a construção de um ser livre, seguro, que certamente ousará voar em busca de seus sonhos.

Fonte: Jornal pagina3, CRIANÇA, UM ESPAÇO PARA A INFÂNCIA.
Coluna: OLHAR TERAPÊUTICO, p.03, outubro de 2011

A Dona da Poltrona




Com expressão de sofrimento no rosto, voz chorosa está sempre a relatar uma tragédia, onde ela sempre é a personagem principal.Os relatos assemelham-se a uma tragédia grega, tantos são os detalhes, tantas são as representações.Seu sofrimento sempre é o maior de todos e, está sempre a procura de platéia.Diante da platéia, incorpora seu personagem preferido, o sofredor.Transforma o ombro do outro, no muro das lamentações, buscando a compaixão de quem esta na escuta.Frente aos seguintes comentários: “Como você suporta tanta dor,” Que cruz pesada você carrega,” “ Só você para aceitar todo este sofrimento,” você é uma artista”. Seu coração dispara de dor e de prazer, ao reconhecimento de sua labuta.A recompensa pela incorporação do papel de vítima é o seu troféu, sua gloria, seu orgasmo.Ser o foco, ser o centro, gera o prazer e contenta-se com o ganho secundário, de ser olhada com compaixão, acreditando ser esta, a forma de conquistar amor.Quantas falas, quantos ombros, quantos consolos, em vão;Todos tentam demove-la deste quadro, pontuando soluções, dando a mão para sair da poltrona de vitima.Um grupo de ajuda se forma, pois unidos será mais fácil convence-la de que, a mudança é possível.Mudança que a levará buscar alegria, prazer, realizações, e ações construtivas.O entusiasmo domina o grupo, eles crêem que ela irá mudar, irá reagir, irá abandonar o trono de vítima.Porém a dona da poltrona está viciada nas emoções da sofredora e compulsivamente busca situações, que a deixam cada vez mais atada à poltrona.Firme em seu posto continua, sentada na poltrona, com os olhos procura nova platéia para seus dramas;Em suas mãos o troféu de vítima, em seus lábios um sorriso mascarado, com a seguinte legenda: ‘ Quem disse que eu queria mudar?”

*Artigo inspirado em fatos reais*
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

O Funeral dos Sonhos



Na face uma lágrima, na garganta um grito perdido.
No olhar o terror, no peito uma dor.
Pupilas dilatadas, respiração ofegante;
A denunciar o medo, o temor.
Medo que cola e como cola não desgruda.
Que toma conta da gente, no mundo onde à gente mora.
É gente com medo de gente, é gente matando gente.
Muros, grades, muralhas são levantadas.
O protegido passa a ser prisioneiro, da própria armadura.
A criança não pode mais brincar, pular, solta a cantar.
Lá se foi, o sonho da pipa solta no ar e com ele tantos outros.
No funeral dos sonhos estão: o assalto, a violência, a morte e a dor.
A natureza se entristece, o ser adoece, a sociedade padece.
De mãos atadas, anestesiados pelo próprio medo.
Assistimos o massacre do ser que deixou de ser.
Balas perdidas e fogo, são ateados em pessoas, é a sociedade em luto.
As pessoas estão impregnadas pelo medo.
Medo das agressões, medo do medo.
Transtornos de ansiedade, de fobia, de pânico.
Transtornos de Stress  Pós-Traumático tomam conta da gente.
Um inferno fora, um inferno dentro, dentro de cada ser.
A que ponto chegou o sofrimento do ser humano?
Gritantes são os contrastes.
A ciência avança, a tecnologia surpreende.
A globalização se insere e o mundo se torna uma grande aldeia.
Sentados frente à tv e ao computador, a gente vê e fala, com gente de toda a aldeia.
Com medo de gente, a gente se isola e, usa a maquina para falar com gente.
Em meio a tantos avanços e abundância, o contraste imprime: a impotência, a solidão, a fragilidade.
O homem nunca esteve tão solitário, impotente e fragilizado.
Em meio a tantas conquistas, em uma sociedade livre e dita democrática;
Perde-se o mais importante: a liberdade, a paz e muitas vezes a própria vida.


Autoria, produção e publicação: Claudete de MoraisPsicóloga com formação PsicanalíticaCRP/12/01167

Palestra


No Dia 04/07/2011, a psicóloga Claudete de Morais, ministrou uma palestra oas Associados do Clube da Felicidade, da cidade de Balneário Camboriú-SC, contando com a expressiva participação dos mesmos. O tema abordado foi Dependência Afetiva.

UMBIGOS AMBULANTES

UMBIGOS AMBULANTES

A cada dia cresce o índice de “Umbigos Ambulantes”, a circularem em nosso meio, cujas posturas refletem o sentimento de poder. “Eu sou o centro, tudo gira em torno de mim”. São egocêntricos e muitas vezes tiranos.
Infelizmente este comportamento encobre uma dependência afetiva significativa, geradora de muitos sofrimentos para a própria pessoa, como também, para os que interagem com elas.
Este procedimento infantil relaciona-se a baixa tolerância ao sofrimento e frustrações. Questionamos a construção destes “Umbigos Ambulantes”. Quais são as causas?
As causas estão em parte, relacionadas com a educação. Tudo começa na infância na maneira como pais ou representantes desta função, direcionam o processo de desenvolvimento do ser.
Uma criança que tenha sido superprotegida e poupada de qualquer desafio, com o discurso que ainda é pequena, “coitadinha.” Que não tenha recebido limite, nem noções de responsabilidades, nos primeiros anos de sua vida, possivelmente não terá a estrutura emocional necessária, para enfrentar as adversidades. Certamente não saberá lidar com as frustrações, perdas e principalmente com a dor, diante das mesmas, desabará
A tendência é que estas crianças passem a serem regidas pelo instinto do prazer na busca frenética da realização de seus desejos, Observa-se através de suas condutas que já são pequenos “Umbigos Ambulantes,” demonstrando o sentimento de que tudo gira em torno do seu umbigo. Quando contrariadas, apresentam crises de birra, chiliques, atitudes agressivas. Estas crianças são egocêntricas, não tem autocontrole, denotam dificuldades em compartilhar, em se colocar no lugar do outro ou priorizar o bem estar coletivo,
Lamentavelmente existem muitos pais prisioneiros da tirania de seus próprios filhos, que se impõe direcionando a vida do grupo familiar. Cabe a eles ficarem atentos a esta armadilha, que em nome do amor, montamos para nós mesmos, sem termos a consciência de seus reais danos.
É imprescindível ensinar à criança a lidar com suas frustrações, medos, perdas, levando-as ao entendimento que estes momentos podem se tornar de grande aprendizado para a sua vida, usando sempre o diálogo, permeado de muito amor. Se seu filho chorar de frustração, deixe-o chorar, se necessário for, chore junto! Tornem-se parceiros neste momento de dor, para serem parceiros na alegria, nos desafios e nas vitórias.
Autoria: Claudete de Morais
Psicóloga- CRP 12-01167