Mal-Estar Social

Rostos suados, nas faces estampado o cansaço, frustração, o desencanto. É uma massa humana que se movimenta apressadamente pelas ruas. São corpos que se cruzam, mas não trocam olhares, mais parecem robôs. Buzinas estridentes, tiros perdidos, pivetes que assaltam.
Este quadro faz parte do nosso cotidiano, estamos acostumados a essa explosão cada vez mais forte da agressividade, da violência e da criminalidade. Os noticiários registram o aumenta do trafego de drogas, dos seqüestros, dos bebês abandonados nos latões de lixo. Noticiam o desamor, o desrespeito e nós continuamos sentados em frente a tv, às vezes trocamos de canal para em seguida misturarmos o sangue com a saborosa receita de quitutes.
O prazer com a violência, à violência como espetáculo, os pequenos ou grandes massacres viram rotina, eis o estado que chegou o aviltamento da vida coletiva humana.
A agressividade que permeia as relações humanas é o sintoma de mal-estar, de uma sociedade doente. O alastramento desse mal estar é detectado nos altos índices dos casos de depressão e de doenças psicossomáticas. A cada dia que passa, o ser humano está mais solitário, doente e infeliz.
Pesquisas científicas demonstram uma tendência mundial da atual geração infantil, de ser mais sujeita às perturbações emocionais do que as gerações anteriores; mais agressivas, rebeldes e depressivas.
A paternidade muitas vezes é exercida sob fortes tensões, pressões de ordem econômica e, neste emaranhado, perde a dimensão dessa função e de sua importância no processo de desenvolvimento da criança. Como também, da necessidade de estabelecer com este ser, um vínculo amoroso, cimentado com muito carinho e trocas afetivas. A ausência ou a fragilidade deste vínculo, transforma este ser em uma criança insegura, triste e agressiva.
Tudo isto nos remete a um questionamento: O que buscamos? O que entendemos por qualidade de vida? Quais os valores que norteiam nossas vidas?
Para vencermos os sintomas da doença social, temos que adotar uma nova maneira de interagirmos nesta sociedade. A construção das nossas relações está vinculada aos nossos modelos internalizados, a nossa visão de mundo, de homem e, principalmente, com a nossa capacidade de amar, de sentir prazer e alegria.
Para termos uma sociedade mais equilibrada e saudável, temos que aprender a lidar com nossas emoções. A quebrar a couraça da hostilidade, da frieza e nos depararmos como nosso próprio medo. Medo de sermos sensíveis, amáveis, solidários, medo de amar, como também, avaliarmos o que produz uma melhor qualidade de vida e investirmos num tipo de relação que desejamos para nós e para os que nos cercam.
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

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