E os Danos Emocionais?



A tragédia que assolou o nosso estado tem sido o foco dos noticiários e debates, ressaltando os danos materiais. Questionamos e os danos emocionais, como avaliar?
Os sentimentos de luto e de ameaça estão presentes na população e poderão ser os desencadeadores de sérios Transtornos Emocionais.
Lidar com perdas, lutos, é muito assustador, é quando nos deparamos com nosso sentimento de impotência, com nossa fragilidade. Quando nos defrontamos com o irreversível e diante dele temos que nos curvar. O desejo de gritar e negar o que está acontecendo é imperioso, o medo domina, porém a realidade aterrorizante se impõe. A capacidade de enfrentamento a estes episódios, dependerá da estrutura emocional de cada um.
Depoimento de uma vitima desta tragédia que teve sua casa soterrada: “Quando durmo tenho pesadelos e neles revivo tudo que sofri isto mais parece um filme de terror que não termina nunca.”.
Este comentário retrata: dor, medo, pavor. Se estes sentimentos persistirem por mais de um mês, estará se estruturando um Quadro de Stress Pós-Traumático. Os sintomas característicos incluem uma revivência persistente do evento traumático.
Sintomas persistentes de excitabilidade aumentada como: dificuldade em conciliar ou manter o sono. Irritabilidade ou surtos de raiva. Dificuldade em concentrar-se. Hipervigilância, respostas de sobressalto exagerada.
Os que estão vivenciando uma situação traumática pela primeira vez, se surpreendem com suas reações. Podem conviver com o fantasma do medo, da dor, por muito tempo, como também são capazes de se superarem, no desejo da reconstrução.
A força da solidariedade, este encontro de pessoas que se unem ligadas por um sentimento maior, que é de amor representará o despertar da chama da esperança. O que contribuirá significativamente para esta reconstrução, tanto a nível material quanto emocional.
O sofrimento nos leva às mudanças. Se efetuarmos um aprendizado desta dor, ao elaborarmos o nosso luto, processaremos um crescimento pessoal.
Lamentavelmente há pessoas que não conseguem superar estas perdas, que resistem ás mudanças, apegadas aos antigos modelos, angustiadas sofrem muito. São pessoas com tendências a desenvolverem transtornos emocionais e doenças psicossomáticas.

Fonte : Artigo puplicado no Jornal Página 3 no dia 13/12/2008

Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167


Balneário Camboriú


Caminhar sobre a areia quente que acolhe o mar.
Sentir o prazer e se deleitar.
Fitar a linha prateada do horizonte,
Entre o céu e o mar.
No mar,
Milhares de gotinhas de diamantes estão a brilhar.

Nas águas do mar, que ora são azuis,
Ora prata, brilham a espelhar,
O sol garboso, a beijar,
A namorar as rendinhas do mar.

Apreciar as rendinhas brancas,
Que brincam nas ondas do mar,
Rendinhas que dançam e correm,
Para os meus pés beijar.

No mar, soberana está à ilha das Cabras,
Linda a reinar.
Na encosta do mar exuberante está,
A mata atlântica a embelezar.

A espalhar no ar,
O cheiro gostoso da terra, do mato, a perfumar.
No verde mergulhar, com ele se encantar,
Os troncos das árvores, abraçar.
No abraço sonhar, brincar, voar.

Com a mãe natureza comungar.
Apaixonados pela natureza ficar,
Com a natureza relaxar.
Com a natureza se revigorar.

Espetáculo de poesia e beleza;
Que a natureza está a ofertar.
Muitos passam e não vêem,
Outros passam e deslumbrados ficam.

Na ponta da Barra Sul,
Altivo está,
O Teleférico a nos convidar,
Para passear no ar.

Pendurados em um fio no ar,
Entre as árvores da Mata Atlântica,
Vamos descortinar;
Belezas mil...

Praias... de Laranjeiras, Taquaras,
Estaleiro e outras tantas.
Ao retornarmos, seguimos pela Interpraias.
De exuberante vegetação, a nos fascinar.

Na ponta da Barra Norte,
Lá estão os decks,
Românticos a encantar,
Convidando os enamorados a amar.

Contrastando com o agreste da mata,
Próximo à areia do mar,
Estruturas gigantescas, de ferro e cimento;
Crescem na vertical, no céu azul a rasgar.

Na exuberância de suas formas,
Com as mais diversas aberturas;
Para abrigar a todos,
Que perto do mar querem ficar.

Em meio a tanta beleza,
Poesia, ferro e cimento;
Pela a orla de Balneário Camboriú,
Continuamos o nosso caminhar.

Cidade de relevantes contrastes,
De área geográfica reduzida.
Com estrutura de cidade grande,
Oferece beleza, lazer, magia, conforto a encantar.

Em destaque a gastronomia,
Que provoca euforia.
O comércio que muito fascina,
Podendo a todos os bolsos agradar.

No alto do Morro da Cruz,
O Cristo Luz.
De braços abertos a esperar.
Os que vêem nos visitar.

Assim continuamos o nosso caminhar.
Ora nas areias do mar,
Ora nas estradas da vida.
A observar e a vibrar.
Diante do milagre da vida,
Deixamos à emoção borbulhar.

Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Novo Olhar


Olhar. . . Olhar e não enxergar. 
Ver a natureza, sem se emocionar. 
No piloto automático ficar. 
Robotizado, assim a vida levar.
Pacotes de imagens, 
Engessadas ficam, 
Sem se alterarem. 
A registrar:
O cotidiano achatado pela rotina. 
Automatizados ficam; 
Homens e mulheres. 
Sem se encantarem.
Os olhos, no futuro, 
O desejo é no avançar. 
Buscar, buscar, cada vez mais, 
Com medo de endoidar.
Olhar e não ver, 
O verde das matas a reluzir. 
Os troncos das árvores que se entrelaçam. 
Num casamento perfeito, a seduzir.
A natureza está a orquestrar; 
Os mais diversos sons a encantar. 
Pássaros e borboletas estão a dançarem; 
Como o orvalho nas folhas a brilhar.
No aqui-e-agora, ficar. 
No silêncio mergulhar; 
Com ele se emocionar. 
Com a vida vibrar.
No silêncio repousar, 
No silêncio se encontrar. 
Neste encontro, deslumbrar. 
O segredo desvendar.
Que o buscar frenético, 
Não é pelo dinheiro ou poder. 
É para fugir do ser
Do ser, que não quer ser.
É fugir do ser que se agita. 
Que não se aceita. 
Que busca fora, o brilho; 
Brilho este, que já tem.
No silêncio meditar. 
No silêncio se apaixonar. 
Na magia deslizar. 
Na magia do silêncio, se transformar.
Sentir o perfume do verde da mata, 
O cheiro da terra molhada. 
Ver o sol transformar, o verde em prata. 
Na sinfonia dos pássaros, dançar.
Olhar para o conhecido; 
Que desconhecido parece. 
 Novo olhar, novo brilho. 
Um novo ser floresce.
O corpo a vibrar, 
A emoção a borbulhar, 
O canto dos pássaros a aquecer. 
O amor que no coração está a crescer.
Do ser, que apenas quer ser. 
Fiel ao seu próprio ser. 
Amor, reflexo da aceitação; 
Valorização pelo seu próprio ser.
Novo olhar!
Novo prazer!
Novo viver!
Surge um novo Ser!


Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

O Entalado


Na boca um gosto amargo, na garganta um aperto,
No coração uma dor, nos olhos uma desilusão.
Um contraste, o que era doce, amargo se torna, 
O que era terno, ríspido se apresenta,
O que era prestativo, duro se revela,
O que era encantador perde a magia.
O brilho caiu, um novo ser surgiu.
O novo estava revestido de outras peles,
Ao se despir, se revela, cria impacto.
A dor borbulha, a boca se cala,
Na garganta a queixa entalada, o grito sufocado.
Por não gritar, doente ficará.
Em sua sacola de remédios você encontrará,
Remédios para ansiedade, depressão, insônia e dores mil.
O entalado reprime sua angústia e perguntas mil,
No silêncio de sua dor e medo, o entalado fica a fermentar.
O entalado de tanto fermentar, igual ao enlatado vencido ficará.
Degustar o enlatado vencido, veneno se tornará,
Veneno que penetra nas entranhas do ser e, a alma adoecerá.
Veneno que agride ao corpo e, o corpo doente ficará.
Veneno que se espalha e, a todos que rodeiam contaminará.
Diante de tanto fermento só tenho a receitar,
Liberar o que está entalado, deixar fluir o reprimido.
Expressar seus sentimentos, sem temor, falar.
Esgotar o poço, limpar as pedras, secar as lágrimas.
Subir, subir, com uma voz bem forte gritar, gritar,
Despir, arrancar a tinta que tenta encobrir os sentidos,
Quebrar as cascas, os brilhos falsos, retirar a maquiagem,
Vomitar o entalado e, a liberdade conquistar.
Esvaziar, esvaziar, soltar as mágoas, ressentimentos e dores,
Soltar as raivas enferrujadas, se renovar.
Livre do entalado, um novo ser florescerá.
Altivo, sereno, feliz consigo mesmo ficará.
Um novo caminho, novas posturas, novos desafios.
Cabeça erguida, olhar firme, passos seguros.
No rosto um sorriso vibrante, brilhante por se respeitar.

Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Maria Chorona



Chora, chora sem parar.
Nem ela sabe o que a faz chorar.
Ora é uma repreensão, ora uma frustração.
No olhar uma preocupação com a aprovação.
Está sempre a espera de valorização.
Da platéia deseja aplausos,
Diante dos aplausos e aprovação, pula de alegria seu coração.
Na indiferença ou silêncio da platéia, aflora desconforto e irritação.
Um sentimento de inadequação toma conta do coração.
Na mente uma interrogação, quanto ao motivo da desvalorização.
Sente-se diminuída, fragilizada, desconfiada, insegura.
Diante de tal sentimento, encolhe-se com medo da reprovação.
Constrói muralhas, para o medo afugentar.
Quanto mais altas ficam as muralhas, mais isolada ela ficará.
Mergulhada no caldeirão do sofrimento e da lamentação.
Está a Maria Chorona, em busca de aprovação.
Quantas Marias Choronas estão presentes em nosso cotidiano? Diante de tal quadro surge um questionamento:
Como Maria se tornou Chorona? Quais as causas?
Maria, filha muito desejada, ao nascer o trono de princesa a esperava e como tal era tratada.
Quando criança por todos bajulada, mimos e agrados lhe eram dados.
Maria cresceu entre aplausos e afagos mil, acreditando ser a estrela de brilho maior, para seus desejos não havia limites.
Ao sair do ninho paterno enfrentou ventanias e tempestades.
Surpresa ficava toda vez que as pessoas não a elogiavam e não a aplaudiam.
Sentia-se agredida, diminuída, insegura. Mil perguntas surgiam em sua mente:
O que estava acontecendo? Não agradava mais, perdera o seu encanto? Aonde e como perdera seu encanto?
Sem respostas para seu sofrimento, o pranto tomava conta de seus dias. A cada pequena frustração, aflorava o sentimento de rejeição e transformava a situação em uma grande tragédia. Sua dificuldade em superar as frustrações eram gigantescas. Os desafios eram temidos.
Ao acreditar que havia perdido o brilho, aflorava a insegurança e o sentimento de desamor tomava conta de seu coração.
Com sua auto-estima rebaixada costurava uma colcha de desilusões, criando situações que a agrediam e a frustravam, fermentando o sofrimento.
Aos pais das Marias Choronas um alerta, a super-proteção é tão nociva quanto o desamor, tornando a criança dependente e insegura.
A insegurança é a filha do medo, principalmente o medo de não ser aceita, não ser amada.
A insegurança é o desencadeador do sentimento de rejeição, ao achar que está sendo rejeitada, diante de tal sentimento perde a crença em si mesmo, criando dificuldades aonde na verdade não existem.
Amor e aplausos são importantes em nossa vida, principalmente em nossa infância, porém é importante estarem ladeados do bom senso, do respeito, da responsabilidade e principalmente dos limites.
Superar frustrações, vencer as adversidades, nos levará ao aprendizado que nos fortalecerá e contribuirá com o nosso processo de desenvolvimento e aprimoramento.
Ao vencer os desafios, às adversidades, nossa crença em nós mesmos se potencializa. Passamos a ter consciência de nossa força, de nosso potencial.
Nesta caminhada descobrimos o nosso próprio brilho sem necessitar do outro, que na verdade era o nosso espelho.
Toda vez que recebíamos aplausos, o sentimento de aprovação e valorização se fortaleciam. Nossa autoconfiança crescia, porém condicionada aos aplausos. Ao nos libertarmos do peso do espelho, nos libertamos do controle do mesmo.
Ao percebermos que somos parte de um todo, e que o respeito que tenho por mim, deve ser similar ao que tenho pelo o outro. Estaremos plantando a semente do amor, da amizade e da aceitação.
O florescer destas sementes trará a alegria e a leveza do simplesmente viver, sendo apenas, nós mesmos.


Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

O Funeral dos Sonhos

Na face uma lágrima, na garganta um grito perdido.
No olhar o terror, no peito uma dor.
Pupilas dilatadas, respiração ofegante;
A denunciar o medo, o temor.
Medo que cola e como cola não desgruda.
Que toma conta da gente, no mundo onde à gente mora.
É gente com medo de gente, é gente matando gente.
Muros, grades, muralhas são levantadas.
O protegido passa a ser prisioneiro, da própria armadura.
A criança não pode mais brincar, pular, solta a cantar.
Lá se foi, o sonho da pipa solta no ar e com ele tantos outros.
No funeral dos sonhos estão: o assalto, a violência, a morte e a dor.
A natureza se entristece, o ser adoece, a sociedade padece.
De mãos atadas, anestesiados pelo próprio medo.
Assistimos o massacre do ser que deixou de ser.
Balas perdidas e fogo, são ateados em pessoas, é a sociedade em luto.
As pessoas estão impregnadas pelo medo,
Medo das agressões, medo do medo.
Transtornos de ansiedade, de fobia, de pânico;
Transtornos de Stress Pré e Pós-Traumático tomam conta da gente.
Um inferno fora, um inferno dentro, dentro de cada ser.
A que ponto chegou o sofrimento do ser humano?
Gritantes são os contrastes.
A ciência avança, a tecnologia surpreende.
A globalização se insere e o mundo se torna uma grande aldeia.
Sentados frente à tv e ao computador, a gente vê e fala, com gente de toda a aldeia.
Com medo de gente, a gente se isola e, usa a maquina para falar com gente.
Em meio a tantos avanços e abundância, o contraste imprime: a impotência, a solidão, a fragilidade.
O homem nunca esteve tão solitário, impotente e fragilizado.
Em meio a tantas conquistas, em uma sociedade livre e dita democrática;
Perde-se o mais importante: a liberdade, a paz e muitas vezes a própria vida.

Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Oficina Maluca

Andar cansado, corpo curvado a se arrastar.
Corpo atado, olhar atento e preocupado.
Na cabeça, mil idéias a sufocar.
É gente que sobe morro, é gente que desce morro a procurar;
O alívio de suas angústias, de suas idéias, que estão a maltratar.
Idéias que vem e vão, idéias que vem e ficam a perturbar.
Dia e noite a oficina das idéias a trabalhar.
Sem parar ela leva a gente a endoidar.
Liga a tv, para das idéias se libertar, lá vem noticias a assustar.
Liga o som, para as idéias afugentar;
Embaladas pelo som, as idéias pulam a pipocar.
Apaga a luz, fecha os olhos para dormir e das idéias se libertar;
Como uma sirene elas ficam a agitar.
A gente fica sem dormir, sem descansar e as idéias a pulsar.
O corpo dói, o sono vem, mas não dá para deitar é hora de trabalhar.
A caminho do trabalho a gente reza para das idéias se livrar.
Reza que não é atendida, pois a oficina continua a trabalhar.
Como fazer a oficina das idéias, parar de trabalhar?
Idéia que cola colada está de preocupação, medo e temor.
Quanto mais aumenta o desejo delas se libertar;
Mais cresce a ansiedade, a tensão e a dor.
Pensamentos intrusivos continuam a faiscar.
A gente grita que está na hora da oficina fechar;
Para a mente aliviar e o corpo repousar.
É momento de faxinar a mente e dela arrancar;
Ervas daninhas, criadas pelo medo, medo de perder, sofrer, amar e morrer.
É momento de enfrentar o medo, rebaixar a ansiedade e em si acreditar.
Para a ansiedade reduzir, mais exercícios físicos e respiratórios praticar.
É momento de ascender à chama do amor, da fé e, a mente acalmar.
Com o universo se harmonizar, para meditar e, a mente esvaziar.
Para a oficina desligar, assim que desejar.

Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Bodas de Ouro


Bodas de Ouro, de anos dourados,
Anos compridos, vividos lado a lado,
A dois, no meio da filharada.
Anos costurados, com amor e dedicação.


Bordados, com paciência e compreensão,
Rebordados, com renúncias e determinação.
Modelo de vida, que retrata o possível, em meio ao desencanto.
Modelo que se choca com os modelos atuais.


Da intolerância, do desamor, do imediatismo, do egoísmo.
Modelo que perdeu a receita do caminhar a dois.
Dos ingredientes indispensáveis para esta longa caminhada,
Do amor, regado com respeito e confiança.

Flambado com as trocas, carinho e dedicação.
O som do salão e o perfume das flores denunciam,
O festejar das Bodas de Ouro, de José e Marlene Maria.
Ao som do violino o casal desfila pelo salão.


Nos olhos dos filhos, netos e parentes, a emoção.
O fotografo retrata a família com devoção.
Retrato que conta a história do amor e da dedicação.
Dos que estão e, como estão.


Dos que se foram e, não voltarão,
Dos que unidos permaneceram,
Para plantar mais vidas, sementes de muita emoção.
Antonio celebra com devoção, a renovação dos laços desta união.


Em sua fala pontua a força da paciência e da dedicação,
Que construiu o equilíbrio desta relação.
A música, o perfume das flores e dos sabores a serem degustados,
Imprimem ao evento beleza e poesia.


Na pista, muita dança e alegria.
Os presentes mergulham na sinfonia.
As Bodas de Ouro comemoram com euforia.
José e Marlene Maria

Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

A Pulga

Pulga que pula, pula sem parar,
Pula, coça,perturbando até cansar.
Dúvida que pulsa, lateja, na cabeça a torturar,
Dúvida que pula como pulga sem parar.
Dúvida que cresce, molestando sem descansar,
O sossego vai tirar e, cinzento tudo ficará.
Sem sabores, sem cores, só dores,
A dúvida como a pulga se infiltrará.
Como veneno contaminará, a todos que atingirá.
Destruindo o que antes parecia sólido, altivo, brilhante.
Pulga que pula, desconcerta e, ninguém acerta onde está.
Ó dúvida cruel, que pulsa e pula se transformando em fel.
Que amarga e atormenta a vida da gente.
O desejo é expurgar o fel, retirar a dúvida, libertar o réu.
Magicamente liquida-se a dúvida, duvidando dela mesma, negando-a.
No céu azul, o sol volta a brilhar.
Num misto de euforia e coragem, a gente passa a acreditar,
Que tudo vai mudar, a confiança voltou a reinar.
O coração se aquieta, a alegria floresce, a dúvida desaparece
Em busca de novos sabores, a gente tenta se enganar.
A pulga volta pular, para a segurança da gente, balançar.
Pulga que em seu ventre traz, dúvida a infernizar.
Pulga da desconfiança, da traição, do desamor, da destruição.
Pulga do insucesso, da desonestidade, da agressividade, da exclusão.
Pulga que reveste o medo, medo de perdas, medo da competição.
Dúvida que se robustece na competitividade do mundo moderno.
Onde os saberes tem que ter um diferencial, ser o melhor.
Onde os saberes às vezes, perdem os sabores.
Como competir, sem a dor da dúvida sentir?
Se a auto-estima em baixa estiver,
A dúvida como fermento crescerá e, a pulga se alojará.
Para a auto-estima subir, necessário a auto-confiança construir.
Mergulhar em si mesmo, deixar aflorar seu potencial natural.
Deixar borbulhar o que há de melhor em si, surpreender-se.
Com a realidade conviver, focada no aqui-e--agora.
Ciente que a dúvida é o filhote do amanhã, e no amanhã se perderá.
Lançar olhares para o horizonte, que de tão distante, a gente não sabe bem como será.
Ciente que se hoje a gente estiver serena e confiante, o amanhã certamente será brilhante.
Descortinar o seu próprio brilho e, com ele se encantar.
Para a dúvida expurgar e, o coração aquietar.


Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

O Fantasma


Olhos esbugalhados, lábios apertados,
Mãos tremulas, narinas dilatadas.
Pés atados, arrepios de medo e terror.
No peito um coração acelerado.


É o ser com medo, do medo.
Medo do que possa acontecer.
O fantasma está na mente.
Na mente de cada ser.

O alerta foi ativado.
Nem ele entende o porquê.
Sente o desespero, fica limitado.
Sem saber o que fazer.

Gritar, fugir, correr!
O medo é de morrer!
O fantasma está a crescer.
A angústia é como vencer?

Homens e mulheres estão a enfrentar;
A síndrome do pânico, a se alastrar.
Mal da sociedade atual.
Fortalecida pela doença social.

Onde a violência e a criminalidade,
Vivem na impunidade.
Despertando no ser;
Impotência e fragilidade.
Cabe a cada um, a sua parte fazer.

A violência combater.
Reforçando o seu ser.
Enfrentando o fantasma, para vencer.
O medo enfrentar, enfrentar.

Para ele esmorecer e o ser crescer.
Fazer leituras do que está a sentir;
Para saber que é capaz de vencer.

Entender que é possível vencer.
O fantasma é fruto do seu ser.
Diante do enfrentamento,
O fantasma deixará de ser

Enfrentar as limitações, ousar, ousar.
Ter fé e, em si mesmo acreditar.
Dos grilhões do medo se libertar.
Para uma vida nova desfrutar.

Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Dourei a pílula!


Sonho dourado, surrado de tão almejado.
No coração o desejo, na garganta um nó apertado.
Poeiras ao vento, dos encontros e desencontros,
Na busca do côncavo e do convexo,
Na procura do ser perfeito, par perfeito, amor perfeito.
Almejando o perfeito, mergulha no mundo das idealizações,
Transforma o ideal em real.
Levado pela carência modela o ser, no ser desejado,
Ao esculpido, projeta seus sonhos, constrói castelos,
Borrifa purpurina, embelezando o produzido.
Empresta ao ser um brilho que não lhe pertence,A todos propaga, o quanto ele é maravilhoso,
Desliza entre as ondas da paixão,
O tempo passa, o cotidiano cobra, o real se impõe.
O doce fica amargo, a frustração toma conta;
Desapontado pergunta: O porquê do desencanto.
Entristecido percebe, o sonhado não existe.
O sonhado foi esculpido, com o ouro das idealizações e da utopia.
O brilho sumiu e um novo ser surgiu.
Diante do novo, arrepios... Finalmente um insight.
Dourei a pílula!Na ciranda da vida vivemos a dourar muitas pílulas,Pílulas que encobrem nossas reais dificuldades.
Pílulas que mascaram nossas carências.
Com o tempo o brilho desvanece e o inevitável acontece.
Só nos resta, aceitar o real, fugir do ideal,
Descobrir no real seu encanto, sua beleza, sua poesia.
No aconchego de si mesmo, deixar aflorar o amor,
Que pode não ser perfeito, mas é real.



Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Mulher!


Mulher! Musa de inspiração, retrato da perfeição.Expectativa do avanço, da revolução.Da tecnologia, da ciência, da informação.A exigir desta mulher a perfeição.
Mulher de mil papéis a desempenhar.Mulher de mil maneiras a encantar.Mulher de mil esforços a se superar.Mulher de mil facetas a representar.
Mulher! Brilho e luz, que dá luz.Ser que se renova, ao nascer o novo ser.Ser que molda o ser que deu a luz.Mulher! Raiz de um novo mundo, raiz de um novo ser.
Mulher! Com seu perfume a exalar.Mulher! Com sua beleza a encantar,Mulher! Com sua meiguice a seduzir.Mulher!Com sua magia a atrair.
Mulher protótipo de beleza e perfeição.Diante deste modelo, deste padrão.Surge o peso e a frustração.Diante da pressão e da competição.
Ser mulher, ser exuberante, ser ardente.Ser mulher, esposa fiel, ser mãe presente.Ser mulher, empreendedora e atendente.Ser mulher, dona de casa e competente.
Mulher de sensibilidade aguçada.Deve ter a fala açucarada.As emoções negativas reprimidas.Para ser por todos, aplaudida.
Mulher que ser é este?Que não pode simplesmente, ser.Sem ser perfeita, chorar e crer.Podendo errar, se aceitar e ser.
A esta mulher que carrega tamanha bagagem.A esta guerreira, minha homenagem.Que troféu daria a esta mulher.Se liberta estivesse dessa bagagem
Passaria pela metamorfose de ser mulher e, se priorizar.Rasparia o gesso em que modelaram seus sentimentos.Para dentro de si mergulharNeste mergulho o prazer encontrar.
Descobrir que é possível mudar.A mulher maravilha, deixar de ser.Aos sonhos voltar, de ser apenas mulher.Sem se preocupar de, a perfeição ser.
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais Psicóloga com formação Psicanalítica CRP/12/01167

O Brilho da Etiqueta


Um olhar de cobiça, um suspiro prolongado.
No rosto, um sorriso alargado.
O desejado está no brilho da etiqueta.
Etiqueta brilhante, aprovada pelo consenso modista.
Mais uma vez, a corrida pelo brilho se inicia.
O preço não importa, vale o que ela denuncia.
Quantas lutas e labutas para o sucesso alcançar.
O fascínio antes era restrito apenas aos adultos;
Hoje já encanta as crianças, que ficam a sonhar.
Sonhar com as etiquetas brilhantes, para brilhar.
Mas que etiqueta é esta que está a encantar?
Que poder fenomenal a ela é dado.
Ela representa o poder, o ter.
No mundo capitalista, o brilho está no ter e não no ser.
Que a cada dia mais manipula o ser, em busca do ter.
Nesta corrida desenfreada, perde-se o ser.
Pelo ter, o ser adoece,perde a poesia, entristece.
O stress toma conta de adultos e crianças.
Hipnotizados estão pelas grifes, espelhos de sucesso.
Novas marcas e etiquetas, que a mídia está a propagar.
A disputa continua na ciranda da vida.
A natureza se enfurece, com o descaso e o desrespeito.
Desrespeito ao ser humano, ao planeta e a vida.
Que valores norteiam nossas vidas?
Só nos resta, quebrar esta magia, tirar o ser do estado hipnótico.
Ajuda-lo a mergulhar no mar de suas contradições.
Deixar aflorar suas reais necessidades.
Ao descobrir que sua busca é de aprovação, valorização e aceitação;
Compreenderá, o que deseja não esta fora, mas dentro de si mesmo.
Ao descortinar o seu próprio brilho, perceberá que não é a etiqueta; que lhe dá o brilho, mas sim a sua luz, que ele projeta nela.

A Dona da Poltrona


Com expressão de sofrimento no rosto, voz chorosa está sempre a relatar uma tragédia, onde ela sempre é a personagem principal.
Os relatos assemelham-se a uma tragédia grega, tantos são os detalhes, tantas são as representações.
Seu sofrimento sempre é o maior de todos e, está sempre a procura de platéia.
Diante da platéia, incorpora seu personagem preferido, o sofredor.
Transforma o ombro do outro, no muro das lamentações, buscando a compaixão de quem esta na escuta.
Frente aos seguintes comentários: “Como você suporta tanta dor,” Que cruz pesada você carrega,” “ Só você para aceitar todo este sofrimento,” você é uma artista”. Seu coração dispara de dor e de prazer, ao reconhecimento de sua labuta.
A recompensa pela incorporação do papel de vítima é o seu troféu, sua gloria, seu orgasmo.
Ser o foco, ser o centro, gera o prazer e contenta-se com o ganho secundário, de ser olhada com compaixão, acreditando ser esta, a forma de conquistar amor.
Quantas falas, quantos ombros, quantos consolos, em vão;
Todos tentam demove-la deste quadro, pontuando soluções, dando a mão para sair da poltrona de vitima.
Um grupo de ajuda se forma, pois unidos será mais fácil convence-la de que, a mudança é possível.
Mudança que a levará buscar alegria, prazer, realizações, e ações construtivas.
O entusiasmo domina o grupo, eles crêem que ela irá mudar, irá reagir, irá abandonar o trono de vítima.
Porém a dona da poltrona está viciada nas emoções da sofredora e compulsivamente busca situações, que a deixam cada vez mais atada à poltrona.
Firme em seu posto continua, sentada na poltrona, com os olhos procura nova platéia para seus dramas;
Em suas mãos o troféu de vítima, em seus lábios um sorriso mascarado, com a seguinte legenda: ‘ Quem disse que eu queria mudar?”

*Artigo inspirado em fatos reais*
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

O Jardim do Vizinho


A insatisfação toma conta;
Os olhos estão sempre a reprovar;
Ora são as pernas, ora os seios,
Nada agrada, sempre existe algo fora do lugar;
Quantas queixas, quantos choros;
Limitam a alegria, que poderia ser borbulhante.
Mas os famosos 2kg a mais, a impedem de gostar de si mesma.
Está sempre a olhar para o jardim do vizinho,
Lá encontra flores mais belas e viçosas;
A grama é mais macia, o verde é mais vibrante.
O jardim do vizinho sempre tem um brilho diferente, mais intenso e encantador.
Neste vai e vem se perde, entra num círculo vicioso, de mazelas e flagelos.
Só não percebe que a fila anda e, ela continua parada,
Voltada para o próprio umbigo.
Triste, desperdiçando o viço de sua juventude.
Prisioneira de seu medo, medo de ser trocada;
Medo de não ser admirada, de não ser amada.
O medo é o seu maior inimigo,
Para fugir deste inimigo, projeta-o no jardim do vizinho.
Este sim é mais exuberante e atraente.
Mas que jardim é este?
Ele representa o outro, que está a competir, a demonstrar que possui mais, que é melhor e tem mais brilho.
Nele é projetada a cobiça, a inveja, a insatisfação.
Por que tanto maltrato?
Vamos olhar para o nosso jardim com mais atenção e carinho,
Valorizar o que é nosso, cultivar novas plantas, arrancar as ervas daninhas.
Descobrir o brilho das estrelas dançantes, presentes no orvalho que embelezam nossas flores.
Ao nos encantarmos com o nosso jardim, fluirá o sentimento de libertação, libertação do medo.
Finalmente a satisfação, a alegria irá borbulhar e, o jardim do vizinho perderá a magia.Será apenas o jardim do vizinho.


Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

O Peso do Nada


Com o sentimento de nada ser;
O ser se encolhe, sem aparecer.
De tanto ouvir que nada é capaz de fazer;
Passa a crer que nada sabe fazer.

A dor cresce, o brilho desaparece.
O sonho desvanece, o ser embrutece.
No meio do nada, o ser entristece.
Estagnado no nada, assim é seu viver.

Acreditando ser um nada, o ser cresce.
Lutando contra o peso do nada;
O ser enfurece, se arma para viver.
No olhar a desconfiança, no peito o desejo de vencer.

O gesso do nada é fruto do desafeto;
Do olhar gélido, da palavra que fere;
Da comparação que humilha e mutila;
Da rejeição, da inadequação, da exclusão.

O sentimento de nada ser;
Deixa marcas no corpo e na alma deste ser.
Atado no peso de nada ser;
Direciona suas escolhas e a vida que passa a ter.

O peso do nada fomenta a raiva e a revolta.
Raiva que fermenta dentro deste ser.
Arrebenta, violenta o ser;
Envenenado fica seu viver.

O peso de nada ser;
O peso de nada fazer;
O peso de nada dizer;
O peso de nada receber.

O peso do nada determina padrões comportamentais.
Na ciranda da vida estamos a observar:
O ser frente ao nada e, como é este lidar;
Vemos bem definido várias formas de lidar.

Com um padrão comportamental agressivo, verificamos:
De agredido passa a agressor, expurgando o fel;
Contaminando seu ambiente, despertando medo e pavor;
Agredindo a todos que estão ao seu redor.

Com um padrão comportamental masoquista, verificamos:
O peso do nada passa a dominá-lo.
Acreditando que não é capaz, não reage.
Constrói um mundo triste sem opções e, submetido fica.

Com um padrão comportamental de superação, observamos:
Busca a superação, raspando o gesso e o fel que o modelaram.
Deixa aflorar seu potencial natural e este mar de contradições.
Liberta o que não é seu e, deixa o novo ser florescer.

Transforma o nada, em tudo buscar e desafiar.
Nesta busca se encanta, deixando o seu brilho aflorar.
Ao longo da caminhada, num aprimorar constante;
Descobre que seu brilho, tem o esplendor do diamante.


Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Retalhos do Calçadão


Ao longo das minhas caminhadas pelo calçadão da Atlântica;
Muito aprendi, muito prazer senti.
Cabelos ao vento, brisa em meu rosto, sol em meu corpo.
Para os olhos, uma festa;
A cada dia a natureza nos oferece um espetáculo gratuito,
Pintando o céu de um azul belíssimo!
O mar torna-se um imenso lago, que ao beijar a areia quebra seu colar de pérolas, misturando-se com a areia quente.
Guarda-sóis coloridos espalham-se pela areia, embelezando a orla.
Uma massa humana se divide nas cadeiras de praia, nas águas do mar, na areia e no calçadão.
Caminhando, vou observando, curtindo e ouvindo;
Retalhos de conversas de: homens, mulheres, crianças e anciões;
Entre sorrisos e gritos, as falas pipocam como grãos de milho a estourar na panela, cada vez mais quente, mais saltitante.
Fico atenta ao pipocar, impulsionada pelo desejo de melhor conhecer o ser humano.
Neste ir e vir teço minha colcha de retalhos.
Ao finalizar, um sentimento de tristeza borbulha;
A maioria dos retalhos eram queixas e lamentações;
Queixas sobre: custo de vida, desemprego, desamor, traição doenças, remédios, insônia, pesadelos.
As pessoas conseguem dar as costas ao cenário de beleza e esplendor.
Ficam centradas em seu pequeno mundo, confinadas em seu próprio sofrimento.
Penso que muitas delas, devem estar viciadas nas emoções do sofrimento, que as impulsionam a alimentar este sentimento.
Não se permitindo ver o que a natureza esta a oferecer.
Não se permitindo desfrutar do grande presente, que é a própria vida.
Continuo caminhando, atenta ao pipocar das falas,
Com a esperança de que a próxima colcha eu possa ter mais retalhos.
Retalhos de amor, retalhos de alegria, retalhos de ternura.

Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

O Preço do "Bonzinho"


Deixar aflorar o que está prestes a explodir,
Deixar borbulhar, como se fossem bolhas de sabão,
Que encantam, fascinam e ficam a bailar no ar, de uma forma leve e solta.
Quebrar a esfinge que encobre os verdadeiros sentimentos.
Máscara moldada pelos desejos do grande outro.
Molde que sufoca os reais desejos em beneficio deste outro.
Quebrar, raspar, esta massa que se mistura com o meu “eu;”
Enfim, deixar florir este ser, que está adormecido, encolhido, por ser “Bonzinho”.
O “Bonzinho” tem dificuldade de dizer ”não”, tem receios de desapontar as pessoas.
O “Bonzinho” acolhe, é prestativo, corresponde ao nível de expectativa do outro.
O “Bonzinho” vive a dizer sim para o outro e, “Não” para ele mesmo.
Muitas vezes serve de tapete para o outro pisar, pois o “Bonzinho” não pode sentir raiva e nem rebelar-se.
Neste processo de auto-agressão e destruição, iludi-se com o ganho secundário, de ser apenas “Bonzinho”.
Acredita que por ser “Bonzinho” também é amado, mas que espécie de amor é este? Que mutila, transformando-o em robô dos desejos do outro.
Que preço alto, paga o “Bonzinho”.
Deixar de ser “Bonzinho” implica em mergulhar no mar de nossas paixões.
Deixar a correnteza seguir o seu rumo, sem reprimi-la, encantando-se com ela.
Ir ao encontro de si mesmo.
Ouvir a si próprio, sentir suas reais emoções, efetuar leituras do que esta acontecendo com você, fazer suas escolhas, sem preocupar-se se vai frustrar alguém, priorizando-se. Deixar de ser “Bonzinho” pode representar, a conquista do respeito por si mesmo. Deixar de ser “Bonzinho” significa, romper com as amarras e, ser apenas você mesmo.

Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Engenheiros dos Sonhos


Olhos assustados, passos apressados, músculos tensos, respiração ofegante.
É o medo estampado nas faces de milhões de brasileiros, presente nas ruas e em inúmeros lares.
É o homem com medo do homem, que muitas vezes é apenas um projeto de homem. Com imagem franzina de criança ou de adolescente, já traz em seu olhar as marcas da violência.
Violência que gera mais violência e na ciranda da vida buscam se fortalecer, formando gangues, quadrilhas e por fim o crime organizado se instala.
Quadro deplorável, porém verdadeiro. Como construímos esta sociedade doente? Como modificar este cenário?
Combatendo a passividade e a acomodação, sendo o autor de nossa história. Tendo a coragem de gritar, plantar a semente do respeito e da cidadania. Fazer a nossa parte, assumindo a responsabilidade de nossas escolhas, para este quadro alterar.
Aos pais que vivem o drama, de terem filhos mergulhados no mundo das drogas, que aceitem o desafio, na busca da libertação dos mesmos.
É no diálogo, na escuta, tentando inserir-se no mundo do adolescente, é que nos tornaremos parceiros, no combate ao inimigo.
São inúmeros os conflitos que podem eclodir na adolescência, levando-os a comportamentos auto-destrutivos, expondo-os a situações perigosas. O uso das drogas podem ser tanto causa, como conseqüência destes transtornos.
É no enfrentamento que quebramos o medo e nos fortalecemos. Para podermos desencaixotar nossas verdadeiras emoções, nos despir de nossas vaidades, diluir padrões idealizados e aceitar nossa realidade.
Com um olhar cuidadoso, amoroso, pontuando os limites, reforçando os vínculos afetivos, dando suporte a este adolescente, para que possa vislumbrar um novo caminho.
O planeta clama por paz e preservação, necessita de engenheiros dos sonhos, que sonhem e construam um mundo mais sadio, mais humano, onde as pessoas possam viver em paz e mais felizes.
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

O Caramujo Humano


Estamos sempre preocupados com o outro, em busca do outro, desejando o outro, mas quem é este outro?
O outro é o nosso grande espelho, que nos aplaude diante de nossas vitórias, retratando o nosso potencial. Reflete também ás vezes, a imagem que não aprovamos e então negamos nossas limitações, dores, frustrações e projetamos neste outro, grande parte de nossos problemas.
Ao negarmos nossos sentimentos de medo, raiva, tristeza; sufocamos também, as demais emoções, como: alegria, amor, etc. Nossa sensibilidade fica congelada, deixamos que a racionalização, seja o piloto de nossas vidas.
O outro passa a atuar como espelho de nossos sentimentos e contradições. Da parte que não gostamos, mas que é nossa, como não a suportamos e não admitimos a sua existência, colocamos neste alguém.
Quanto mais cresce nosso incomodo em relação ao que foi projetado, mais o criticamos e o denunciamos. Ele torna-se o nosso perseguidor, para nos defendermos do mesmo, construímos couraças e, nos escondemos dentro delas.
Efetuando uma metáfora entre o homem e o caramujo, assinalo pontos comuns e divergentes. Ambos utilizam couraças para se protegerem e as carregam como fardos necessários para sua sobrevivência.
Pontos divergentes, muitas vezes os caramujos não são vistos, mas sabemos que estão encolhidos em suas casas. O homem expõe a sua imagem, só que não sabemos se esta é a imagem real, ou a idealizada. O caramujo pode sair de sua casa, no momento que desejar. O homem quanto maior o medo, mais reforçará a armadura, aumentando a dificuldade em sair, tornando-se prisioneiro de sua própria defesa.
Este outro, agora tem nome, chama-se MEDO. O medo é construído por suas fantasias, inseguranças e o desconhecimento de si mesmo. O inimigo não está fora, não é o Outro, o inimigo está dentro de si mesmo. Ele está atado ao inimigo, ele está amarrado ao próprio medo.
O medo às vezes está mascarado e, representado em outros comportamentos. O medo maior do ser humano é: de perda, abandono, desqualificação, não ser amado e, da morte.
Como vencer este inimigo?
Fazendo o enfrentamento do medo, sempre que necessário, mesmo que seja difícil. É na interação entre nossas potencialidades e limitações. É no confronto dos contrastes, ora espontâneos, naturais, em outros momentos, utilizando posturas mascaradas, no intuito de nos sentirmos mais seguros.
É neste processo gradual de ir e vir, na busca de desatarmos os nós, que quebraremos as sufocantes couraças. Aflorando a liberdade, o respeito por si mesmo.
Nesta metamorfose do auto-conhecimento, mergulhamos no mar de nossas emoções, na busca da ostra, cuja pérola, representa nossa sabedoria.
A sabedoria não se obtém com a soma dos conhecimentos, mas sim, com um novo olhar para tudo aquilo que não é desconhecido, mas é percebido diferente, dando novas dimensões, novos sabores, aflorando as potências adormecidas. Assim começamos a ficar maravilhados com nós mesmos. O florescer do nosso potencial natural passa a ser intensificado, a borbulhar e, então compreendemos que o nosso brilho não era reflexo de um simples zircone, mas sim, de um Diamante verdadeiro.
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Mal-Estar Social

Rostos suados, nas faces estampado o cansaço, frustração, o desencanto. É uma massa humana que se movimenta apressadamente pelas ruas. São corpos que se cruzam, mas não trocam olhares, mais parecem robôs. Buzinas estridentes, tiros perdidos, pivetes que assaltam.
Este quadro faz parte do nosso cotidiano, estamos acostumados a essa explosão cada vez mais forte da agressividade, da violência e da criminalidade. Os noticiários registram o aumenta do trafego de drogas, dos seqüestros, dos bebês abandonados nos latões de lixo. Noticiam o desamor, o desrespeito e nós continuamos sentados em frente a tv, às vezes trocamos de canal para em seguida misturarmos o sangue com a saborosa receita de quitutes.
O prazer com a violência, à violência como espetáculo, os pequenos ou grandes massacres viram rotina, eis o estado que chegou o aviltamento da vida coletiva humana.
A agressividade que permeia as relações humanas é o sintoma de mal-estar, de uma sociedade doente. O alastramento desse mal estar é detectado nos altos índices dos casos de depressão e de doenças psicossomáticas. A cada dia que passa, o ser humano está mais solitário, doente e infeliz.
Pesquisas científicas demonstram uma tendência mundial da atual geração infantil, de ser mais sujeita às perturbações emocionais do que as gerações anteriores; mais agressivas, rebeldes e depressivas.
A paternidade muitas vezes é exercida sob fortes tensões, pressões de ordem econômica e, neste emaranhado, perde a dimensão dessa função e de sua importância no processo de desenvolvimento da criança. Como também, da necessidade de estabelecer com este ser, um vínculo amoroso, cimentado com muito carinho e trocas afetivas. A ausência ou a fragilidade deste vínculo, transforma este ser em uma criança insegura, triste e agressiva.
Tudo isto nos remete a um questionamento: O que buscamos? O que entendemos por qualidade de vida? Quais os valores que norteiam nossas vidas?
Para vencermos os sintomas da doença social, temos que adotar uma nova maneira de interagirmos nesta sociedade. A construção das nossas relações está vinculada aos nossos modelos internalizados, a nossa visão de mundo, de homem e, principalmente, com a nossa capacidade de amar, de sentir prazer e alegria.
Para termos uma sociedade mais equilibrada e saudável, temos que aprender a lidar com nossas emoções. A quebrar a couraça da hostilidade, da frieza e nos depararmos como nosso próprio medo. Medo de sermos sensíveis, amáveis, solidários, medo de amar, como também, avaliarmos o que produz uma melhor qualidade de vida e investirmos num tipo de relação que desejamos para nós e para os que nos cercam.
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Desempenho Escolar: Espelhos e Retratos de Crianças


Boletins escolares transformam-se em espelhos que retratam o mundo interior das crianças. Sua influência pode ser determinante na crença do aluno em seu próprio potencial. Ele poderá impulsionar o aprendiz ao sucesso, como também, ter um efeito destruidor.
Milhares de crianças buscam em seus espelhos (boletim escolar) reconhecimento e valorização, outros tremem de medo de verem espelhada a confirmação de suas dificuldades, reforçando a crença de sua incompetência e desqualificação. Estes sentimentos serão fortalecidos pelas respostas que virão do grupo familiar e escolar, através de aplausos, brigas ou da mais fria indiferença.
Questiona-se, o que leva a criança a ter problema sem seu desempenho escolar?
Inúmeros são os fatores apontados, porém creio que o maior peso concentra-se na: afetividade, auto-estima e auto-imagem. A aprendizagem passa pela afetividade. O afeto é motor que levará a criança a desejar desvendar o desconhecido, fomentando a sede do saber, consolidando a crença em seu potencial natural, elevando sua auto-estima. A ausência da afetividade, da motivação, da crença em seu potencial, poderá ser o desencadeante do fracasso escolar.
Ao longo de minha trajetória profissional, me deparei com uma multiplicidade de aspectos, intervindo nas percepções e avaliações que os alunos explicitavam de si mesmos, dos professores e dos pais, em relação ao desempenho escolar.
Constatei que muitas destas avaliações eram permeadas de dúvidas quanto ao próprio potencial, repassada em frases como: “nunca conseguirei aprender, sou burro, não dou para os estudos, vou desistir”. A fala dos alunos era permeada também, de incertezas, quanto ao fato de serem aceitos, amados e compreendidos, gerando insegurança, encolhimento, ou agressividade. Essas angústias transformam-se em inibidores dos seus sentimentos
As dificuldades não estavam presentes apenas nas crianças, mas também, traduziam as amarras de alguns professores. Que eram seguidamente camufladas através de programas rígidos, de posturas autoritárias. A avaliação escolar era em determinados momentos, um instrumento castrador do brilho e da criatividade dos alunos.
Observei que o distanciamento, às vezes existente entre pais e filhos, era fruto da incapacidade em quebrarem as barreiras construídas pelo o medo, pelas fantasias e, por frustrações vivenciadas. Romper com a inibição expressando com simplicidade seus medos. Medo do fracasso, de não serem competentes, de não atenderem as expectativas dos pais. Este é o grande desafio.
É falando de nossos medos, que faremos o enfrentamento dos mesmos, diluindo-os. Tendo a compreensão de que os erros e as frustrações, podem nos levar ao crescimento, pois instigará o nosso desejo de superação, robustecendo nossa capacidade de aceitar os desafios. Processo este que só será possível através do diálogo,da troca e do respeito pelo ritmo de cada um. Sugiro aos pais, que fiquem atentos a estes espelhos, não com uma postura de cobranças, mas sim de diálago, buscando a compreensão, fazendo as leituras de que estes retratos estão a expressar. Permitindo-se também a falarem sobre seus medos, para encorajarem os seus filhos a verbalizarem os seus, utilizando à linguagem do coração sendo esta a fala do entendimento e da aproximação.
*Artigo inspirado em fatos reais*
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Inteligência Emocional: Você Usa?

Muitas vezes mergulhamos no mar de nossas emoções, nos deixamos arrebatar pelas ondas de nossa ira, ou somos levados às profundezas de nossas tristezas. Naufragamos em nossos medos, permitindo que eles sejam os inibidores do nosso potencial natural, um limitador de nosso crescimento pessoal, um entrave em nossas vidas.
Para nos defendermos do medo, desenvolvemos couraças, aprisionando nossas emoções. Com isto a racionalização toma conta, passamos a negar a dor, mas também negamos a alegria, o prazer e o amor. Quando as emoções são sufocadas geram isolamento e frieza, quando escapam ao nosso controle, tornam-se patológicas.
A dificuldade de lidarmos com nossas emoções e de efetuarmos uma leitura do que está ocorrendo a nível emocional e físico, nos impossibilita de sermos o piloto de nossa vida. Ficamos a mercê de nossos sentimentos e agimos muitas vezes sob o impacto de nossas emoções, portanto muitas de nossas decisões não são escolhas livres, mas respostas a impulsos e compulsões. O controle das nossas emoções é o fator primordial para o desenvolvimento da inteligência emocional do indivíduo.
O auto-conhecimento é importante para aprendermos a administrar as nossas emoções. A pessoa que tem consciência dos seus sentimentos e os administram, se torna autônoma e consciente de seus próprios limites, goza de boa saúde psicológica e tende a ter uma perspectiva positiva da vida.
A capacidade de administrar as emoções, de criar motivações, para si próprio, de persistir em um objetivo, apesar dos percalços é determinante, para a alcançarmos o sucesso pessoal e profissional.
Saber superar as frustrações, impedindo que a ansiedade, a raiva, os desapontamentos, interfiram na capacidade de raciocinar; de ser empático e auto-confiante, a esse conjunto de habilidades, denominamos de Inteligência Emocional.
O sucesso ou o fracasso do indivíduo está relacionado com seu QI ( coeficiente intelectual)? Culturalmente é repassado este conceito e os privilégios aos bem dotados intelectualmente, porém na ciranda da vida, nos deparamos com fatos que demonstram outra realidade. Na verdade o sucesso do indivíduo depende do QE (Coeficiente Emocional).
As pessoas com prática emocional bem desenvolvida, possuem mais probabilidade de se sentirem satisfeitas e de serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentais que fomentam sua criatividade, sua produtividade.
Saber lidar com suas emoções é uma questão de competência e isso só depende de VOCÊ.


Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

O "Capeta"


Ao longo de minha vida profissional vivenciei muitas situações que me levaram à profundas reflexões e, a confirmações de determinadas teorias do comportamento humano.
Farei um breve relato do caso de um menino de nove anos, a quem darei o nome de Pedro. A família de Pedro procurou-me com a seguinte queixa: è impossível conviver com este menino, ele é agressivo, irrequieto, destrói tudo, tem prazer em nos fazer sofrer, não dá para os estudos, foi expulso de duas escolas, é um “capeta”. As queixas das professoras reforçavam o que a mãe afirmara. Após alguns momentos de conversa com Pedro descobri que ele gostava de desenhar. Pedi-lhe que desenhasse o que sentia, alegremente apresentou-me a folha, na qual havia desenhado o “capeta”. Perguntei:
O que você desenhou?
Não estas vendo? Sou eu, o “Capeta”. Porque você acha que é o capeta?
Todos dizem que eu sou um “capeta”, minha família, os professores, os meninos da escola, todos.
Você concorda com eles?
Sim, pois sou malvado, brigo, quebro vidros e telhados, mordo as pessoas, sorrindo afirmou: “Eu sou um capeta”.
Você gosta de ser capeta? Baixou a cabeça e com expressão de tristeza no rosto confessou:
Não, porque as pessoas não gostam de mim, elas só brigam comigo, os meninos fogem de mim.
Você gostaria de mudar?
- Dá para mudar? Quem nasce capeta, não morre capeta?
Pedro estava comportando-se de acordo com o nível de expectativa das pessoas que o cercavam, passou a acreditar neste discurso, incorporando-o, respondendo de acordo com a sua própria crença.
Nossas crenças representam o motor para o sucesso da nossa vida, ou o entrave, fator limitante do nosso potencial natural, que podem nos levar ao sofrimento.
Imaginem uma criança muito desqualificada, sendo rotulada de “capeta”, acreditando não ser amada; construirá sua auto-imagem baseada nessas experiências e irá conduzir sua vida apoiada nesse referencial.
Ao longo de nossa história, construímos nossas crenças baseados no nível de gratificações e de frustrações que vivenciamos. Neste processo edificamos nossa auto-imagem, respaldados nas sensações, percepções e experiências registradas.
As nossas crenças estão permeadas do discurso do “Grande Outro”,que na verdade são, os valores culturais, conceitos, normas e mensagens emitidas pelas pessoas com as quais interagimos. Ao mesmo tempo, aprendemos a perceber, quais são as expectativas do meio a nosso respeito. Descobrimos como devemos pensar, reagir e construímos também uma auto-imagem idealizada. Toda vez que conseguimos corresponder a ela, nossa auto-estima aumenta e, quando não conseguimos, ela é rebaixada.
A auto-estima idealizada é própria da pessoa imatura, infantil, preocupada com a opinião dos outros. Precisamos estar atentos as nossas crenças. Ás vezes torna-se necessário mudarmos as crenças, avaliar quais são os modelos que nós incorporamos e, descobrir o que realmente desejamos. O que é nosso e, o que é do outro, caso contrário, vamos viver para corresponder ao desejo do outro e não ao nosso.
A baixa auto-estima vem do sentimento de: inadequação, culpa, medo, rejeição, induzindo o indivíduo a escolhas de comportamentos que confirmem o tempo todo essa imagem. Buscamos o que acreditamos que merecemos.
Questionamos quantas crianças que cresceram e crescem acreditando serem “capetas”, possivelmente, muitas engrossam as gangues dos marginalizados, que fomentam a onda de violência e de criminalidade em nossa sociedade. Cabe a nós olhar com mais cuidado e carinho esta questão e interferir sempre que possível nestes “rótulos, que podem determinar uma vida de sofrimentos e destruição.”
Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167