O Jardim do Vizinho


A insatisfação toma conta;
Os olhos estão sempre a reprovar;
Ora são as pernas, ora os seios,
Nada agrada, sempre existe algo fora do lugar;
Quantas queixas, quantos choros;
Limitam a alegria, que poderia ser borbulhante.
Mas os famosos 2kg a mais, a impedem de gostar de si mesma.
Está sempre a olhar para o jardim do vizinho,
Lá encontra flores mais belas e viçosas;
A grama é mais macia, o verde é mais vibrante.
O jardim do vizinho sempre tem um brilho diferente, mais intenso e encantador.
Neste vai e vem se perde, entra num círculo vicioso, de mazelas e flagelos.
Só não percebe que a fila anda e, ela continua parada,
Voltada para o próprio umbigo.
Triste, desperdiçando o viço de sua juventude.
Prisioneira de seu medo, medo de ser trocada;
Medo de não ser admirada, de não ser amada.
O medo é o seu maior inimigo,
Para fugir deste inimigo, projeta-o no jardim do vizinho.
Este sim é mais exuberante e atraente.
Mas que jardim é este?
Ele representa o outro, que está a competir, a demonstrar que possui mais, que é melhor e tem mais brilho.
Nele é projetada a cobiça, a inveja, a insatisfação.
Por que tanto maltrato?
Vamos olhar para o nosso jardim com mais atenção e carinho,
Valorizar o que é nosso, cultivar novas plantas, arrancar as ervas daninhas.
Descobrir o brilho das estrelas dançantes, presentes no orvalho que embelezam nossas flores.
Ao nos encantarmos com o nosso jardim, fluirá o sentimento de libertação, libertação do medo.
Finalmente a satisfação, a alegria irá borbulhar e, o jardim do vizinho perderá a magia.Será apenas o jardim do vizinho.


Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do artigo.
Quantas pessoas não conseguem olhar para si mesmo e ser feliz, pois estão só preocupados com os outros.


Sidney

Anônimo disse...

A palavra chave me parece ser aceitação, é isto é o que a autora pontua. Parabéns! vou recomendar a leitura deste artigo para algumas pessoas.

Artur.