A Pulga

Pulga que pula, pula sem parar,
Pula, coça,perturbando até cansar.
Dúvida que pulsa, lateja, na cabeça a torturar,
Dúvida que pula como pulga sem parar.
Dúvida que cresce, molestando sem descansar,
O sossego vai tirar e, cinzento tudo ficará.
Sem sabores, sem cores, só dores,
A dúvida como a pulga se infiltrará.
Como veneno contaminará, a todos que atingirá.
Destruindo o que antes parecia sólido, altivo, brilhante.
Pulga que pula, desconcerta e, ninguém acerta onde está.
Ó dúvida cruel, que pulsa e pula se transformando em fel.
Que amarga e atormenta a vida da gente.
O desejo é expurgar o fel, retirar a dúvida, libertar o réu.
Magicamente liquida-se a dúvida, duvidando dela mesma, negando-a.
No céu azul, o sol volta a brilhar.
Num misto de euforia e coragem, a gente passa a acreditar,
Que tudo vai mudar, a confiança voltou a reinar.
O coração se aquieta, a alegria floresce, a dúvida desaparece
Em busca de novos sabores, a gente tenta se enganar.
A pulga volta pular, para a segurança da gente, balançar.
Pulga que em seu ventre traz, dúvida a infernizar.
Pulga da desconfiança, da traição, do desamor, da destruição.
Pulga do insucesso, da desonestidade, da agressividade, da exclusão.
Pulga que reveste o medo, medo de perdas, medo da competição.
Dúvida que se robustece na competitividade do mundo moderno.
Onde os saberes tem que ter um diferencial, ser o melhor.
Onde os saberes às vezes, perdem os sabores.
Como competir, sem a dor da dúvida sentir?
Se a auto-estima em baixa estiver,
A dúvida como fermento crescerá e, a pulga se alojará.
Para a auto-estima subir, necessário a auto-confiança construir.
Mergulhar em si mesmo, deixar aflorar seu potencial natural.
Deixar borbulhar o que há de melhor em si, surpreender-se.
Com a realidade conviver, focada no aqui-e--agora.
Ciente que a dúvida é o filhote do amanhã, e no amanhã se perderá.
Lançar olhares para o horizonte, que de tão distante, a gente não sabe bem como será.
Ciente que se hoje a gente estiver serena e confiante, o amanhã certamente será brilhante.
Descortinar o seu próprio brilho e, com ele se encantar.
Para a dúvida expurgar e, o coração aquietar.


Autoria, produção e publicação: Claudete de Morais
Psicóloga com formação Psicanalítica
CRP/12/01167

Um comentário:

Zélia Maria disse...

Quantas pulgas existem na cabeça da gente que não nos damos conta...Bjs